O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu nesta quarta-feira, (30), apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB) para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados. Já o Partido Liberal (PL) encerrou a reunião de bancada sem uma definição.
A maioria do PL tende a apoiar Motta, o candidato indicado por Lira para sua sucessão. No entanto, a ala bolsonarista defende uma postura mais rígida na disputa, com uma lista de exigências para condicionar o apoio a um candidato ou até mesmo para lançar uma candidatura própria.
Durante a semana, Lira retirou da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de lei que propõe a anistia dos bolsonaristas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos de 8 de janeiro, transferindo-o para uma comissão especial. Essa mudança deve atrasar a tramitação do projeto, que é visto como peça fundamental na tentativa de reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
A deputada Júlia Zanatta (SC) defendeu o adiamento das discussões para permitir mais tempo para viabilizar uma candidatura favorável à ala bolsonarista. A proposta teve apoio de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e do próprio ex-presidente, mas causou descontentamento em alguns deputados, como Caroline de Toni (SC), presidente da CCJ, que esperava capitalizar politicamente com a aprovação de um projeto muito valorizado pela militância bolsonarista.
Parlamentares relatam pressão crescente de eleitores para aliviar punições dos condenados, cujas penas chegam a 17 anos de prisão. A insatisfação aumenta diante da sensação de impotência dos deputados em acelerar a tramitação da anistia.
Embora Lira tenha sinalizado ao PL que a comissão especial poderia emitir um parecer ainda neste ano, e Bolsonaro tenha repetido essa promessa na última terça-feira, 29, os parlamentares permanecem céticos sobre a possibilidade de cumprimento desse prazo.