Nesta sexta-feira (10), Nicolás Maduro foi empossado para seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, consolidando sua permanência no poder até 2030. Em uma cerimônia marcada pela ausência de líderes internacionais, o evento reafirma o isolamento político do país, enquanto críticas sobre a legitimidade da eleição continuam a ecoar.
A posse, realizada na Assembleia Nacional da Venezuela, foi conduzida por Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento e aliado de longa data do chavismo. Maduro chegou ao local por volta das 11h30 (10h30 no horário local) e prometeu cumprir suas “obrigações constitucionais”, afirmando que seu novo mandato será guiado por “paz, prosperidade, igualdade e uma nova democracia”.
Apesar do discurso, a Venezuela enfrenta uma grave crise política e econômica. Nos últimos meses, o governo intensificou a repressão a opositores e rejeitou pedidos para divulgar atas eleitorais que poderiam comprovar a vitória de Maduro nas urnas.
Em seu discurso de posse, Maduro voltou a recorrer à retórica anti-imperialista, acusando os Estados Unidos e governos pró-ocidentais de interferirem nos assuntos internos da Venezuela. “Eu não fui eleito pelo governo dos Estados Unidos ou pela oligarquia, mas pelo povo”, declarou.
O presidente também prometeu manter uma “diplomacia de paz”, mas fez ameaças aos que chamou de “traidores da pátria”, sugerindo endurecimento contra críticos e opositores. Uma comissão para reforma constitucional foi anunciada, embora detalhes sobre suas intenções permaneçam incertos.
Desde as eleições de julho de 2024, a oposição e grande parte da comunidade internacional têm contestado a vitória de Maduro. A ausência de transparência na contagem de votos e as acusações de repressão política geraram condenações. Segundo a ONU, mais de 1,8 mil pessoas estão presas por razões políticas no país.
A posse de Maduro destaca o crescente isolamento internacional da Venezuela. Nenhum chefe de estado estrangeiro compareceu à cerimônia. O Brasil, tradicional aliado, enviou apenas sua embaixadora em Caracas, Gilvânia de Oliveira.
A relação entre Maduro e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deteriorou-se após o Brasil vetar a entrada da Venezuela como país parceiro do BRICS. Lula também afirmou, em 2024, que não reconhecia a legitimidade da reeleição de Maduro e pediu explicações sobre o processo eleitoral.
O principal adversário político de Maduro, Edmundo González, encontra-se no exílio, após ser alvo de um mandado de prisão e de uma recompensa de US$ 100 mil por sua captura. Mesmo assim, González prometeu retornar à Venezuela para assumir o Palácio de Miraflores, embora sua localização atual seja incerta.
Outro episódio recente de repressão ocorreu nesta quinta-feira (9), quando María Corina Machado, líder opositora, foi brevemente presa em Caracas.