A taxa de desemprego no Brasil registrou uma queda histórica no terceiro trimestre de 2024, alcançando 6,4%, o menor valor para o período desde o início da série histórica, em 2012. O indicador caiu 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior (6,9%) e 1,3 p.p. frente ao mesmo período de 2023 (7,7%). A redução foi observada em sete das 27 unidades da Federação, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (22) pelo IBGE.
As maiores taxas de desocupação foram registradas em Pernambuco (10,5%), Bahia (9,7%) e Distrito Federal (8,8%), enquanto os menores índices apareceram em Rondônia (2,1%), Mato Grosso (2,3%) e Santa Catarina (2,8%). Nas outras 20 unidades da Federação, os números permaneceram estáveis, sem variações estatisticamente significativas.
Fatores que impulsionaram a quedaA redução do desemprego é atribuída, em parte, ao aquecimento da indústria no segundo semestre do ano, período que tradicionalmente concentra contratações para atender ao aumento da demanda de fim de ano.
“A taxa de desocupação atingiu o segundo menor valor da série histórica, confirmando a tendência de queda”, destacou William Kratochwill, analista do IBGE.
Segundo ele, mais de 400 mil vagas foram criadas no setor industrial no último trimestre.
Outro dado relevante é o tempo de procura por trabalho, que apresentou quedas expressivas em todas as faixas. A redução mais significativa ocorreu entre aqueles que buscavam emprego há dois anos ou mais, com um recuo de 20,4%, atingindo 1,5 milhão de pessoas – o menor número para um terceiro trimestre desde 2014.
Informalidade ainda alta
Apesar da redução do desemprego, a informalidade continua alta, atingindo 38,8% da população ocupada no terceiro trimestre. Os estados do Pará (56,9%), Maranhão (55,6%) e Piauí (54,5%) registraram os maiores índices de trabalho informal, enquanto Santa Catarina (26,8%), Distrito Federal (30,2%) e São Paulo (30,6%) tiveram os menores.
O índice de informalidade inclui trabalhadores sem carteira assinada no setor privado e doméstico, além de empregadores e trabalhadores autônomos sem registro no CNPJ.
Desigualdades persistemOs dados do IBGE mostram desigualdades no mercado de trabalho em relação a sexo, cor ou raça e nível de escolaridade.
Por sexo: a taxa de desemprego foi de 5,3% entre homens e 7,7% entre mulheres.Por cor ou raça: os brancos registraram taxa de 5%, enquanto pretos e pardos apresentaram índices acima da média nacional, com 7,6% e 7,3%, respectivamente.
Por escolaridade: pessoas com ensino médio incompleto enfrentaram maior desocupação (10,8%), enquanto a taxa foi de 3,2% para quem possui ensino superior completo.
Rendimentos e massa salarial
O rendimento médio real da população ocupada ficou estável em todas as regiões na comparação trimestral, mas apresentou crescimento no Nordeste (R$ 2.216), Sudeste (R$ 3.656) e Sul (R$ 3.577) em relação ao terceiro trimestre de 2023. A massa de rendimento médio real do trabalho também subiu, passando de R$ 305,8 milhões no terceiro trimestre de 2023 para R$ 327,7 milhões em 2024.
Entre as regiões, o Sudeste liderou com a maior massa salarial, totalizando R$ 167,3 milhões.
A continuidade da recuperação no mercado de trabalho depende de fatores econômicos e políticos, incluindo a estabilidade da indústria e o crescimento de setores estratégicos. A queda no desemprego é positiva, mas os desafios ligados à informalidade e desigualdades regionais e sociais permanecem no radar de analistas e gestores públicos.