Nesta quarta-feira, 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra. Na Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), a luta contra o racismo é tema constante em sala de aula e nos últimos anos têm sido promovidas diversas ações e projetos com o objetivo de garantir a igualdade racial dentro e fora da escola.
Durante a Bienal do Livro de 2023, a pasta lançou o Projeto Ubuntu, com o objetivo levar para as escolas estratégias que incorporem a literatura e o uso de materiais didáticos nas abordagens sobre a diversidade racial. A iniciativa visa a formação dos profissionais de educação com oficinas específicas no formato de mandala em que são propostas intervenções em espaços da Rede Municipal de Ensino.
Foram distribuídos, até o momento, 600 exemplares do livro “África” em oito escolas da Rede, que possuem o apoio pedagógico no Tempo Integral. O material passou a ser trabalhado neste ano com estudantes do 4º e 5º anos no contraturno, e complementa os debates etnicorraciais abordados na disciplina “História e Geografia de Alagoas”, cujo plano, elaborado especificamente para o Ensino Fundamental da rede pública, representa um marco ao inserir tais debates no componente curricular.
Para o coordenador de Ações Educacionais de Direitos Humanos da Semed, Luciano Amorim, é importante exercitar o sentimento de pertencimento à identidade racial entre os alunos, porque ainda é algo muito ausente e lacunar entre a população. “O avanço da perspectiva do letramento racial crítico na Rede é muito positivo, porque ele redimensiona o papel da escola na vida desses sujeitos. Como é que a gente tem uma cidade que se reconhece como negra, perante o IBGE, mas não se reconhece como negra, perante o seu espaço escolar que habita?”, questionou.
É esta a provocação que as Encruzilhadas Pedagógicas, outro desdobramento do Projeto Ubuntu, levou a coordenadores, diretores e gestores das unidades de ensino da Rede Municipal. Profissionais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) foram contemplados com as práticas, que consistem em formações na perspectiva antirracista com foco no Letramento Racial Crítico (LRC).
A ação da Secretaria de Educação de Maceió contemplou todos os coordenadores e gestores da Rede e, no Ejai, também os docentes.
Herança ancestral
Luciano pontua que, historicamente, há um circuito de problemáticas que faz com que a população se afaste da sua identidade racial. “É preciso positivar esse elemento na vida desses sujeitos, trazer um movimento dialético com sua história. É evidenciar o quão importante é repensar o currículo na perspectiva antirracista, um elemento essencial, tendo em vista que também é um atendimento à política nacional”, disse.
A Semed também elaborou, respeitando os critérios técnicos e pedagógicos, o Caderno Ubuntu de Práticas Antirracistas, que ainda será lançado e funcionará como guia para os profissionais da Rede Municipal. Por meio do Projeto Folguedos na Rede, foram implementadas práticas de capoeira, coco de roda, maculelê e baianas, com 30 turmas orientadas por mestres de capoeira.
“Desde 2020, temos dentro dos nossos referenciais os Temas Curriculares Transversais (TCTs), que já falam sobre questões afro raciais, diversidade, a perspectiva dos direitos humanos como um todo. Já está pautada, enquanto política, desde então, esse tipo de orientação curricular para todas as etapas e modalidades. É uma obrigação da escola trabalhar a perspectiva da história da África e das relações culturais afro-brasileiras”, reforçou.
Para este Dia da Consciência Negra e para o resto das vidas de todos os estudantes da Rede Municipal, Luciano deseja que sintam orgulho de suas raízes e de si mesmos.
“Eu espero que eles se vejam com dignidade, com dignidade na sua totalidade, dignidade em relação à sua cor, à sua raça. Dignidade em relação à justiça social, aos acessos e direitos e pensar que a negritude e toda a sua história é um marco positivo nas suas vidas, que é herança ancestral. É uma herança de reis e rainhas”, afirmou o coordenador.