Sesi Paraná debate inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Autor: Agência Fiep
Tempo de leitura: 8 min

Na manhã de 19 de setembro o campus da indústria em Curitiba sediou o Diálogo com a Indústria – PcD, que discutiu a inclusão da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho. Mais de 60 pessoas estiveram presente para ouvir cases de indústrias.

“A inclusão da Pessoa com Deficiência é um tema que o Sesi já trabalha há muito e neste ano tivemos a oportunidade de levá-lo para várias regiões do estado”, afirmou Aline Calefi, gerente de Responsabilidade Social do Sistema Fiep na abertura do evento. “Entendemos que precisamos continuar falando todos os dias sobre essa pauta, porque temos muitos desafios e lacunas para que a gente consiga fazer realmente a inclusão da Pessoa com Deficiência de uma forma assertiva no mercado de trabalho”, completou.

Um quarto da população brasileira acima de 2 anos (18,9 milhões) tem algum tipo de deficiência. No entanto, apenas 1% dessa população tem carteira assinada, mesmo com a Lei de Cotas, em vigor desde 1991. De acordo com a legislação, empresas que tenham de 100 a 200 colaboradores precisam empregar 2% de pessoas com deficiência; as que têm de 201 a 500, 3%; as de 501 a mil, 4% e mais de 1001, 5%.

Case Enaex Brasil

Elisa Ayres, representante da multinacional chilena Enaex Brasil, apresentou o projeto “Potencial Sem Barreiras”, voltado para a inclusão de pessoas com deficiência (PcD). Com 2.100 colaboradores no Brasil, a empresa atualmente emprega 73 profissionais com deficiência e tem a meta de alcançar 100 até o final de 2025.

Elisa, destacou que o ambiente de trabalho na Enaex é particularmente desafiador, uma vez que a empresa atua no setor de explosivos e detonação. Além disso, 70% das vagas estão em campo, exigindo que os colaboradores percorram grandes distâncias. Para lidar com essa realidade, a estratégia da empresa foi inovadora: em vez de abrir vagas já mapeadas para PcD’s, decidiram seguir um caminho diferente.

“Nós criamos e começamos com 10 vagas, sem nada definido, apenas para ver quem tinha interesse em trabalhar conosco”, explicou Elisa. “A partir dessas candidaturas, avaliamos o potencial de cada pessoa. Elas nos contaram sobre suas formações, aspirações de carreira e onde se enxergavam profissionalmente. Com base nisso, alocamos essas pessoas em funções onde pudessem se desenvolver e crescer.”

Além dessa abordagem personalizada, a Enaex Brasil implementou outras medidas importantes para promover a inclusão. Entre elas estão a jornada de trabalho de quatro horas, a possibilidade de concorrer a novas vagas após seis meses de empresa, a adequação do transporte para facilitar o acesso ao local de trabalho e o acompanhamento de tutores durante o processo de integração.

“Quando acolhemos uma pessoa, criamos automaticamente um ambiente mais inclusivo para outras, que, mesmo sem a mesma deficiência, podem ter necessidades similares de adaptação”, destacou. “A empresa percebeu que, se eu não olhasse para o que aquela pessoa realmente precisava para ser a melhor versão de si, então não estaríamos, de fato, promovendo uma inclusão verdadeira.”

Case FM Pneus

A FM Pneus tem se destacado no setor de recapagem de pneus, não apenas pela sua atuação industrial, mas também pelo forte compromisso com a inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD). Segundo Martha Salvador, responsável pelo setor de Recursos Humanos da empresa, essa política inclusiva vem transformando a cultura organizacional e trazendo resultados significativos.

A empresa conta hoje com quase 635 colaboradores e emprega 28 pessoas com deficiência em diferentes áreas, como a industrial, administrativa e comercial. No entanto, Martha destaca que a contratação de PcDs ainda é um desafio constante. “Nós divulgamos as vagas para Pessoas com Deficiência, mas todas as nossas vagas estão abertas para qualquer pessoa que queira se candidatar”, afirmou. “Quando recrutamos alguém, olhamos além do cargo disponível, focando no potencial da pessoa. Às vezes, nem temos uma vaga imediata, mas mantemos essa pessoa no banco de talentos porque sabemos que ela fará a diferença”, completou.

Um dos pilares do sucesso da inclusão na FM Pneus é a avaliação cuidadosa feita pela equipe de Segurança e Medicina do Trabalho, que garante que as condições de trabalho sejam adequadas para cada colaborador. “Nos adaptamos às necessidades das pessoas de acordo com essas avaliações e fazemos uma integração inclusiva. Todos os novos funcionários, com ou sem deficiência, participam da mesma integração, com ajustes necessários para atender às demandas específicas”, explicou Martha.

A empresa também adotou o regime de trabalho em meio período como uma estratégia para facilitar a inclusão. Segundo Martha, essa prática foi implementada em 2021 e tem sido extremamente útil, especialmente em tempos de dificuldades no recrutamento. “As vagas de meio período nos ajudaram muito. Quando uma pessoa de meio período falta ou está de atestado, não ficamos descobertos o dia inteiro, apenas meio período”, destacou. Ela também mencionou que essa flexibilidade tem sido vantajosa para pessoas que já trabalham em outro lugar e buscam oportunidades adicionais.

Além disso, a FM Pneus desenvolveu programas como o ‘Mais Autonomia’, que oferece apoio financeiro a 21 colaboradores que são pais de Pessoas com Deficiência, e o ‘Programa Equilíbrio’, que disponibiliza suporte psicológico para todos os trabalhadores. A empresa ainda investe em capacitação contínua por meio de uma plataforma, demonstrando seu compromisso com o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores.

Por fim, Martha Salvador enfatizou a importância de acreditar no potencial de cada indivíduo: “Nós, enquanto recrutadores, precisamos acreditar na capacidade das pessoas, e a FM Pneus faz isso diariamente, adaptando-se às necessidades de seus colaboradores para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor.”

Para finalizar o evento, Adriano Benedito Laurindo, da Prefeitura do Município de Curitiba, destacou a importância da parceria com o Sistema S na promoção da empregabilidade de Pessoas com Deficiência (PcD).

“Atualmente, 70% das Pessoas com Deficiência estão fora do mercado de trabalho, e no Paraná, segundo dados de maio, apenas 58,5% das vagas obrigatórias foram preenchidas, evidenciando o grande número de oportunidades ainda em aberto”, disse. “As empresas precisam mudar sua cultura organizacional, para que se abram cada vez mais à inclusão.”

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