Curso do UniSenai PR debate trajetória da política industrial do Paraná e seus impactos

Autor: Agência Fiep
Tempo de leitura: 4 min
Aula foi o quinto módulo de um total de nove que serão debatidos entre os industriais (Fotos: Gelson Bampi)

Nesta terça-feira (12), industriais de diversas regiões do Paraná participaram do quinto módulo do curso de Política Industrial, promovido pelo UniSenai PR, com o tema sobre a trajetória da política industrial no estado e seus impactos no desenvolvimento econômico e social. A aula foi conduzida por Daniel Nojima, doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em economia industrial e regional. 

Com vasta experiência no setor, Nojima é diretor de Estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e possui um histórico de atuação em projetos de levantamento de dados e indicadores socioeconômicos. Durante sua apresentação, ele abordou a evolução histórica da industrialização no estado, destacando os principais ciclos econômicos, políticas públicas e desafios enfrentados pelo estado ao longo do tempo. 

O impacto histórico da industrialização 

Segundo Nojima, o desenvolvimento industrial no Paraná não foi apenas resultado de movimentos espontâneos da economia, mas contou com intervenções estratégicas em infraestrutura, como a construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá e da estrada da Graciosa no século XIX. Essas iniciativas, inicialmente motivadas pelas economias ervateira e madeireira, pavimentaram o caminho para o avanço de setores como de alimentos e madeira, que dominaram a indústria paranaense até o início do século XX. 

Nojima destacou que as décadas de 1960 e 1970 foram cruciais para a transformação econômica do Paraná. A fundação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) nos anos 1970 consolidou o estado como um polo industrial, atraindo investimentos significativos. “A criação da CIC foi precedida por melhorias em energia elétrica, rodovias e ferrovias, que conectaram regiões desarticuladas do estado, como o Norte Pioneiro e o Sudoeste”, explica. Ele também ressalta a importância da política de desconcentração de investimentos do Sudeste para outros estados, que trouxe grandes empreendimentos, como a refinaria da Petrobrás (Repar) para o Paraná. 

Os desafios da política de incentivos fiscais

Presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos, Daniel Nojima e Fabiane Franciscone, diretora Regional do Senai Paraná.

Ao abordar as políticas de atração de investimentos, como as adotadas nos anos 1990 para atrair montadoras, Nojima afirma que, embora os incentivos fiscais tenham trazido resultados significativos, também geraram distorções econômicas. “A chegada de montadoras impulsionou o parque metalmecânico do estado e criou empregos, mas exigiu sacrifícios fiscais e tempo para que empresas locais se integrassem à cadeia produtiva”, analisa. 

Sobre o programa Paraná Competitivo, Nojima destaca que, embora esteja contribuindo para a industrialização no interior, sua eficácia ainda depende de melhorias em infraestrutura e de políticas complementares voltadas para o desenvolvimento regional. 

O futuro da política industrial e a Reforma Tributária

Nojima também chama a atenção para os impactos da reforma tributária, que substituirá os incentivos fiscais por fundos de compensação e desenvolvimento regional. “Essa transição exigirá que gestores públicos e o setor produtivo sejam estratégicos na utilização dos recursos disponíveis. Projetos como a Ferroeste têm potencial para transformar a dinâmica econômica regional, mas precisam demonstrar retorno social superior aos custos”, avalia. 

O curso da Unisenai reforça a importância de debater o planejamento estratégico para o desenvolvimento sustentável e competitivo da indústria paranaense, em um momento de grandes transformações econômicas e regulatórias. 

*** Para mais informações entre em contato pelo e-mail orientacaoprofissional.unisenai@sistemafiep.org.br ou pelo telefone (41) 9 8751-5214.

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