Com percentual chegando a 74,3%, Alagoas possui 800 mil famílias endividadas

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Setembro registrou alta no endividamento (2,9%) e na inadimplência (6%) das famílias alagoanas, conforme demonstra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), para Alagoas, realizada pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No geral, o estado possui 74,3% de endividados, totalizando cerca de 800 mil famílias, em termos absolutos, considerando os dados do IBGE.

Desde o início deste ano, enquanto o Brasil vem reduzindo o nível de endividamento, Alagoas tem apresentado crescimento no indicador. Paralelamente, a inadimplência – que iniciou o ritmo de crescimento em junho -, apresentou estagnação em setembro, com 9,3% das famílias afirmando não terem condições de pagar as dívidas. Além disso, o superendividamento (que ocorre quando mais de 50% do orçamento está comprometido), deixou de recuar.

Para o assessor econômico do Instituto Fecomércio AL, Francisco Rosário, este cenário é preocupante para o comércio que vende a crédito, uma vez que as dívidas em atraso e superendividamento estão comprometendo a renda atual e a futura, impedindo um maior consumo. “Um dos possíveis motivos para a realidade alagoana é o fato de a renda gerada pelos empregos não ser suficiente para manter o padrão de consumo. Mas há um elemento externo que vem impactando negativamente no orçamento das famílias: as apostas on-line. No Brasil, segundo a CNC, elas já levaram 1,3 milhão de famílias para a inadimplência”, analisa.

 

Taxa de endividamento recua, mas contas antigas ainda impactam

Na variação mensal, nas faixas comparativas do endividamento houve redução apenas no número de famílias sem dívidas (-7,5%). Entre os aumentos dos demais, destaque para as famílias “muito endividadas” (31,9%) e as “pouco endividadas” (25,7%). “O crescimento do endividamento se amplia a partir maio, provavelmente após o efeito do Programa Desenrola na contenção da inadimplência. Ao liberar o crédito das famílias, elas voltaram a se endividar”, analisa o economista.

E apesar das dívidas serem uma realidade crescente, a taxa de endividamento, que estava se elevando a 4,02% ao mês (am), reduziu para 2,91% am, em setembro. Isto pode indicar uma folga nas contas, mas, possivelmente, não o suficiente, já que os orçamentos continuam apertados por conta de dívidas passadas.

 

Acesso a crédito para um consumo mais sofisticado

Pelo terceiro mês consecutivo, o número de famílias com dívidas por período superior a um ano reduziu e, em setembro, caiu -1,1%. Já o percentual dos consumidores que possuem mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas teve um aumento de 0,6 pontos percentuais (pp.), sinalizando que o superendividamento começa a ser um problema.

Na observação por faixas de renda, percebe-se que as famílias de renda mais baixa se endividaram mais (3,2%), enquanto as famílias com maior renda tiveram redução (-2%). Esse movimento, segundo o economista, pode significar que o incremento financeiro gerado por novas ocupações e o aumento real da renda em Alagoas são insuficientes para suprir as despesas das famílias de renda mais baixa. Isso explicaria o aumento de 7% que estas famílias tiveram na inadimplência, em setembro. Entre as de maior renda, o movimento foi inverso: houve redução de -22,2% no atraso das dívidas.

“Se de um lado, as melhorias nos indicadores econômicos em Alagoas, como emprego e renda, não estão impedindo que a população de renda mais baixa aumente seu endividamento; por outro, parte dessa população também pode estar acessando crédito para um consumo mais sofisticado”, explica o economista. Isto porque dados de pesquisas anteriores, tanto sobre endividamento quanto de consumo, indicam aumento na aquisição de bens semiduráveis e como a maioria da venda destes bens é vinculada ao crédito, isso implica o maior endividamento. Entre as formas de crédito mais usuais estão o cartão de crédito (95,8%) e os carnês (22,8%). Na comparação anual, o cartão de crédito teve redução de -1,4%, enquanto o carnê e o crédito pessoal aumentaram em 20% e 432%, respectivamente.

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