Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, nesta quarta-feira (27/11), o compromisso do Brasil em firmar o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), destacando que não há dependência da França para a concretização do texto. A declaração foi feita durante a abertura do 14º Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília (DF).
“Se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen [presidente da Comissão Europeia] tem procuração para fazer o acordo, e eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda. Tirar isso da minha pauta”, afirmou Lula.
O presidente ainda criticou as declarações de Alexandre Bompard, diretor-executivo do Grupo Carrefour, que se manifestou contra a importação de carnes do Mercosul, incluindo o Brasil, em meio à pressão da indústria francesa para barrar o avanço do tratado.
Lula também defendeu o agronegócio brasileiro, afastando qualquer antagonismo entre o setor e o governo. Segundo ele, o crescimento do agronegócio é estratégico e, ao mesmo tempo, uma forma de resposta às críticas externas.
“É importante que a gente não veja o agronegócio como inimigo. Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul, nem tanto pela questão do dinheiro. Nós vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e nós vamos fazer”, declarou o presidente.
Após o episódio envolvendo críticas de Bompard, os frigoríficos brasileiros chegaram a sugerir a suspensão de vendas ao Carrefour, inclusive no mercado doméstico. Em resposta, o diretor do grupo apresentou um pedido de desculpas nesta terça-feira (26/11).
O Ministério da Agricultura afirmou ter recebido a retratação e destacou o compromisso do Brasil com práticas rigorosas de controle sanitário e sustentabilidade.
“Trabalhamos sempre no intuito de esclarecer os fatos para não permitir que declarações equivocadas coloquem em dúvida um trabalho de defesa agropecuária de alto nível e de uma produção de alta qualidade, comprometida com uma das legislações ambientais mais rigorosas do planeta”, disse o ministério.
O acordo Mercosul-UE, negociado há mais de duas décadas, enfrenta resistência em países europeus devido a preocupações ambientais e de concorrência. Ainda assim, Lula demonstrou otimismo em finalizar o tratado ainda neste ano, reforçando o papel estratégico do agronegócio no fortalecimento da economia brasileira e na projeção internacional do país.