Nessa segunda-feira (25), o ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que o Brasil não está preparado para uma jornada de trabalho 4×3, em que as pessoas trabalham quatro dias por semana e folgam três.
Em evento realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) em São Paulo, Temer afirmou que os brasileiros não demonstram interesse por essa mudança e, em sua opinião, as pessoas acabariam buscando outro emprego para preencher os três dias de folga da jornada 4×3.
“Eu acho que o Brasil ainda não está preparado para isso [escala 4×3]. Não há como. Eu me lembro uma vez, lá em 1997, 1998, quando fui presidente da Câmara pela primeira vez, houve um movimento dos sindicalistas para reduzir de 44 para 40 horas [semanais]. Aquilo rodou quase um ano, mas não deu certo. Até cheguei a propor que reduzisse em 42 horas, mas não foi possível”, afirmou.
De acordo com o ex-presidente, a medida não seria “beneficial” para os empresários brasileiros, pois resultaria em um aumento significativo nos custos das empresas.
“Esta coisa de 4×3 não vai dar certo no Brasil. Acho que não é o melhor momento de se pensar nisso. Nem acho que os trabalhadores andam preocupados com isso. Até porque, se acontecer isso, a sensação que eu tenho é que, nos outros três dias, o trabalhador vai arrumar outro emprego”, afirmou.
A jornada de trabalho 6×1, em que o descanso remunerado ocorre apenas aos domingos, passou a ser alvo de uma proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que pretende modificar a Constituição para alterar a escala de trabalho dos trabalhadores.
A PEC propõe reduzir a jornada de trabalho para quatro dias semanais, alterando o artigo 7º, inciso XIII, da Constituição. Apesar do sucesso em outros países, a proposta de reduzir a jornada de trabalho no Brasil enfrenta obstáculos como a alta taxa de informalidade e a baixa produtividade, segundo especialistas.