Comunidade dos Flexais Protesta por Realocação e Segurança em Canteiros da Braskem

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Na manhã desta segunda-feira, 4 de novembro, moradores da comunidade dos Flexais, em Maceió, Alagoas, bloquearam os canteiros de obras da mineradora Braskem em protesto pela falta de avanços na revitalização e realocação das famílias afetadas pelo afundamento do solo. A manifestação foi organizada pelo Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), grupo que representa as demandas dos moradores atingidos pelo desastre ambiental e estrutural causado pela mineração de sal-gema na região.

De acordo com o MUVB, os residentes de Flexais, Quebradas, Marques de Abrantes e Vila Saem enfrentam condições de isolamento e abandono em áreas com risco de afundamento. “Não podemos esperar que uma tragédia como a de Dona Pureza se repita. As vidas das vítimas da Braskem importam”, destacou o movimento em nota. O grupo ressalta que a realocação das famílias é urgente e essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos moradores.

A manifestação desta segunda-feira ocorre em um momento particularmente sensível, quase uma semana após uma idosa, conhecida como Dona Pureza, ter sido encontrada morta em sua residência no Flexal de Cima, comunidade de Bebedouro. Ao lado do corpo, foi encontrado um bilhete onde a senhora expressava seu descontentamento com os impactos da mineração e culpava a Braskem pelos problemas que a afetam. O caso está sob investigação da polícia alagoana, que examina possíveis ligações entre o bilhete, a morte da idosa e as condições de vida impostas aos moradores da área afetada.

A morte de Dona Pureza trouxe maior visibilidade para o sofrimento dos residentes e motivou a intensificação dos protestos. Para muitos moradores, o caso simboliza o descaso com o qual as vítimas da Braskem têm sido tratadas. “Isso aqui é sobre vidas que estão sendo ignoradas, sobre famílias que vivem com medo e em condições insustentáveis”, afirmou uma manifestante que preferiu não ser identificada.

Determinação Judicial: Nova Perícia para Avaliar Realocação

Na semana passada, a Justiça Federal de Alagoas deu um novo passo em direção à resolução do problema. Atendendo a pedidos de entidades e lideranças comunitárias, a Justiça ordenou uma nova perícia para analisar a viabilidade da realocação dos moradores das áreas de risco. O laudo será realizado pela antropóloga Michele Bezerra Couto de Lima, indicada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A perícia, que deverá abordar as condições socioambientais e os impactos psicológicos na comunidade, é aguardada com grande expectativa pelos moradores, que veem na medida uma possibilidade de aceleração do processo de realocação.

A Braskem, responsável pela mineração que causou o afundamento em várias partes de Maceió, afirmou em notas anteriores que está colaborando com as autoridades e desenvolvendo medidas de mitigação. A empresa também tem feito processos de compensação financeira e realocação de famílias em outras áreas afetadas, mas os residentes dos Flexais e demais comunidades ainda aguardam uma solução definitiva.

Impactos no Meio Ambiente e na Saúde

Além dos impactos físicos no solo, o desastre causado pela mineração da Braskem também trouxe consequências ambientais e de saúde pública. Nos últimos meses, peixes mortos foram encontrados próximos a minas da Braskem em Maceió, aumentando as preocupações sobre possíveis contaminações de água e solo. Moradores relatam que o sentimento de insegurança é constante e que, enquanto permanecem nas áreas de risco, têm suas vidas interrompidas por incertezas e perdas.

A situação dos Flexais e das áreas adjacentes representa um dos casos mais emblemáticos de impactos da mineração em áreas urbanas no Brasil. Organizações de direitos humanos, ambientalistas e a própria Justiça têm acompanhado de perto o desenrolar das ações da Braskem, embora os avanços concretos ainda sejam escassos para as famílias afetadas.

Mobilização e Pressão por Soluções Urgentes

Os moradores prometem continuar mobilizados até que uma solução seja implementada. Para muitos, o abandono da Braskem e a lentidão das ações das autoridades são uma forma de negligência com a vida das pessoas que construíram suas histórias nas comunidades afetadas. “Queremos uma vida digna e segura, e estamos cansados de esperar. Não queremos ser apenas números ou casos na Justiça; queremos nossos direitos respeitados”, declarou o líder do MUVB durante o protesto.

A pressão aumenta para que tanto a Braskem quanto as autoridades de Alagoas e o governo federal tomem providências urgentes. Enquanto a espera se prolonga, as vítimas do desastre de afundamento de solo em Maceió seguem em luta por justiça, segurança e dignidade em meio ao caos deixado pela mineração.

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